Estudo de médicos brasileiros associado a universidade de Stanford descreveu 3 casos de Lesões oftalmológicas por Zika Vírus.
Um estudo brasileiro publicado na revista da Academia Americana de Oftalmologia (Ophthalmology) em associação a Universidade de Stanford, no último mês de maio de 2016, descreveu 3 casos de recém nascidos com Lesões oftalmológicas por Zika Vírus.
O trabalho retrospectivo teve o propósito de descrever 3 casos de infecção viral congênita pelo Zika Vírus, que apresentaram microcefalia e maculopatia.
Os médicos descreveram os casos de 3 bebês masculinos nascidos no nordeste brasileiro, com os quais suas mães apresentaram uma síndrome viral compatível com o Zika Vírus no primeiro trimestre de gestação, com subsequente nascimento de fetos com microcefalia e maculopatia.
Apenas para o entendimento do leitor, a microcefalia (imagem 1), já descrita em nossa última publicação, é a diminuição do tamanho da cabeça do recém nascido, que ocorre em decorrência do baixo desenvolvimento do sistema nervoso central, pois o Zika Vírus tem uma afeição pelas células do cérebro (neurotrofismo).
Imagem 1- Comparação de criança normal e nascida com microcefalia.
FONTE: New England Journal of Medicine.
Para explicarmos o que é a maculopatia, precisamos primeiro apresentar a retina (Imagem 2), que é o tecido que absorve as informações, repassando sob forma de impulso elétrico ao nervo ótico, que enviará a uma determinada região do cérebro para formatação e entendimento da imagem. A maculopatia é a lesão de um ponto central específico da retina, denominado mácula, que é responsável pela visão de detalhes, cores e da leitura. A lesão dessa região central da retina pode comprometer a visão parcial ou totalmente, o que dependerá de complicações associadas ou não.
Imagem 2- Anatomia do olho humano.
Após essa pesquisa, fica claro que precisamos criar e implantar mecanismos de screening (rastreio) oftalmológicos e não oftalmológicos nos recém nascidos, diagnosticando possíveis alterações, na tentativa de melhorar a qualidade de vida dos bebês e das suas famílias.
Com esse estudo, podemos entender que há muito a se aprender sobre o Zika Vírus, e que suas complicações podem ser mais danosas do que imaginávamos, e com isso, quem sabe, possamos sensibilizar governos e empresas a investirem em pesquisas relacionadas ao Zika Vírus e, principalmente, numa vacina contra o vírus.
Para a população, é importante lembrar do combate ao mosquito Aedes aegypti, evitando deixar recipientes com potencial de acúmulo de água ao ar livre e sem tampa, checar vasos, vasilhas, tampas de garrafas, ralos e qualquer outro instrumento capaz de acumular água. Outra medida interessante é a instalação de mosquiteiros ou telas contra mosquito nas residências e uso frequente de repelente, principalmente pelas gestantes, pois a prevenção ainda é o melhor remédio.
Lembrem-se que a prevenção começa com informação.
FONTES:
- Academia Americana de Oftalmologia (Ophthalmology) – www.aaojournal.org
- The British Journal of Ophthalmology – Torpedo Maculopathy – Pubmed – www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed
- New England Journal of Medicine – www.nejm.org